23 novembro 2024

VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO

 Claro, todo mundo sabe de onde eu vim. Mas eu não vim aqui para falar de mim mesmo. Eu vim aqui para cantar o “hino dos pracinhas”.

“Você sabe de onde eu venho . . . . 

venho do lado de lá.

De Goiás e Pernambuco,

Mato Grosso e Ceará.

Por mais terras que eu percorra, 

não permita Deus que eu morra 

sem que eu volte para lá.  

Sem que eu leve por divisa 

este “V” que   simboliza

 a vitória que virá. 

Nossa Vitória final!


Este é o hino das pracinhas.” Os pracinhas” era um destacamento militar do exército brasileiro. No ano de 1939 explodira a Segunda Guerra Mundial

 De um lado estava o EIXO, com a Alemanha do Hitler, a Itália do impulsivo Mussolini e o Japão. Do outro lado estavam os Aliados, capitaneados pelos Estados Unidos e Inglaterra. O Brasil foi convidado a colaborar nos combates. Daí a formação dos Pracinhas.

Nesse ano, quis o destino que eu me encontrasse no porto de Santos. Eu tinha 9 anos de idade. Eu via o navio militar atracado no cais. No pátio, um montão de pessoas. Eram os próprios pracinhas que embarcavam e seus parentes que os abraçavam na despedida.

Eu contemplava a cena. E me perguntei: Qual deles voltará.

E comecei a chorar.              

Claro, todo mundo sabe de onde eu vim. Mas eu não vim aqui para falar de mim mesmo. Eu vim aqui para cantar o “hino dos pracinhas”.

“Você sabe de onde eu venho . . . . 

venho do lado de lá.

De Goiás e Pernambuco,

Mato Grosso e Ceará.

Por mais terras que eu percorra, 

não permita Deus que eu morra 

sem que eu volte para lá.  

Sem que eu leve por divisa 

este “V” que   simboliza

 a vitória que virá. 

Nossa Vitória final!


Este é o hino das pracinhas.” Os pracinhas” era um destacamento militar do exército brasileiro. No ano de 1939 explodira a Segunda Guerra Mundial

 De um lado estava o EIXO, com a Alemanha do Hitler, a Itália do impulsivo Mussolini e o Japão. Do outro lado estavam os Aliados, capitaneados pelos Estados Unidos e Inglaterra. O Brasil foi convidado a colaborar nos combates. Daí a formação dos Pracinhas.

Nesse ano, quis o destino que eu me encontrasse no porto de Santos. Eu tinha 9 anos de idade. Eu via o navio militar atracado no cais. No pátio, um montão de pessoas. Eram os próprios pracinhas que embarcavam e seus parentes que os abraçavam na despedida.

Eu contemplava a cena. E me perguntei: Qual deles voltará.

E comecei a chorar.              

Claro, todo mundo sabe de onde eu vim. Mas eu não vim aqui para falar de mim mesmo. Eu vim aqui para cantar o “hino dos pracinhas”.

“Você sabe de onde eu venho . . . . 

venho do lado de lá.

De Goiás e Pernambuco,

Mato Grosso e Ceará.

Por mais terras que eu percorra, 

não permita Deus que eu morra 

sem que eu volte para lá.  

Sem que eu leve por divisa 

este “V” que   simboliza

 a vitória que virá. 

Nossa Vitória final!


Este é o hino das pracinhas.” Os pracinhas” era um destacamento militar do exército brasileiro. No ano de 1939 explodira a Segunda Guerra Mundial

 De um lado estava o EIXO, com a Alemanha do Hitler, a Itália do impulsivo Mussolini e o Japão. Do outro lado estavam os Aliados, capitaneados pelos Estados Unidos e Inglaterra. O Brasil foi convidado a colaborar nos combates. Daí a formação dos Pracinhas.

Nesse ano, quis o destino que eu me encontrasse no porto de Santos. Eu tinha 9 anos de idade. Eu via o navio militar atracado no cais. No pátio, um montão de pessoas. Eram os próprios pracinhas que embarcavam e seus parentes que os abraçavam na despedida.

Eu contemplava a cena. E me perguntei: Qual deles voltará.

E comecei a chorar.              














18 agosto 2024

E AGORA, SEU SEVERINO ?

 

E AGORA, SEU SEVERINO?

 

No ano de 2010 eu escrevi uma crônica chamada Madrugada Insólita. Eu estava completando 80 anos. Muitos anos se passaram. Muita coisa ocorreu depois disso. Dúvidas, sustos, medos e sonhos. Com isso veio o apoio da família, e a sensação de proteção total. Segue-se o drama:  o corpo que desmancha, a mente que desvanece, a presença dos médicos, tudo isso, pra que?

O Inverno chegou e já se foi. Dentro de poucos dias chegará a Primavera e, com ela, a temperatura que vem maltratando este corpo debilitado, que estou definindo como: “Pernas Bambas e Miolo Mole”, se tornará amena.  

Vixe, que vexame hein, seu Severino?

 É seu galego cabra da peste! Pois é, só que agora estou completando 94 anos e não sei o que fazer com   eles. Estou feliz na minha Mansão do Paraíso, no Bairro de Mury, Nova Friburgo. No meio de bosques, com Eucaliptos e Pinheiros que se elevam, perfurando os céus. Enquanto isso vou aqui invocando meus orixás.

Tenho uma família generosa que me protege e ajuda em tudo o que preciso. Tenho um grupo de amigos fiéis, que me apoiam e incentivam nas horas incertas. E agora só me resta dizer como o poeta: “E que mais no mundo se te faz preciso? “

 

 

06 agosto 2024

O HOMEM EXPERIENTE

 

O HOMEM EXPERIENTE

 

Pois agora chegou a hora de falar do homem maduro. Aprovado no exame de seleção para fazer o curso de Técnico Textil, encontrei-me a bordo de um velho DC3 da Real Transportes Aéreos, que me deixou no velho Aeroporto do Galeão. A ETIQT, Escola Técnica de Indústria Química e Têxtil estava sendo construída, no Bairro do Riachuelo, Rua Manoel Cotrim, 195. Na verdade, quando cheguei, só havia uma laje de concreto, muitos andaimes e betoneiras, serras de fita, muito cimento, areia e brita.

As aulas começaram assim mesmo e os professores tinham que interromper a fala quando uma daquelas máquinas entrasse em operação.

Foram essas condições que produziram as tantas gerações de Técnicos Têxteis que viriam a formar um parque têxtil de renome internacional. Era o ano de 1948. Eu chegava no Rio de Janeiro para matricular-me na CETICT.  O Regime do curso era rigoroso. Oito horas de aula durante o dia e seção de estudo, e à noite, obrigatória. Terminei o curso no ano de 1951 e ao mesmo tempo consegui o meu primeiro emprego. Fui contratado pela própria Escola para trabalhar como  Assistente de Professor de Fiação. Data da contratação: 1 de maio de 1952.

24 julho 2024

EU JÁ FUI JOVEM

 

EU JÁ FUI JOVEM

Luigi Spreafico

Depois de muito meditar sobre o que escrevi alhures, onde me sujeitei aos açoites da própria consciência, decidi libertar-me das amarras e escancarar o que fazia o menino, o adolescente, o jovem estudante e o homem maduro. Aos 11 anos de idade, eu morava em São Paulo, no bairro de Vila Maria, uma colina acentuada ocupada predominantemente por portugueses. Distanciava-se do centro da cidade cerca de 40 minutos. O meio de transporte era o bonde. Não havia ônibus nem taxi.  No meio do caminho cruzava-se o Rio Tietê, onde singravam os barcos que recolhiam areia.

O centro da cidade era a Praça da Sé, onde se encontra hoje a Catedral. Naquela época, era só uma grande praça cheia de blocos de granito, que os operários, a maioria portugueses, transformava em paralelepípedos e pedras ornamentais. Eu passava ali com frequência e ficava horas contemplando, extasiado aquele trabalho.

Em 1939, explodiu a Segunda Guerra Mundial. Eu já tinha me deslocado para o Nordeste. Morava  na cidade de Paulista, município a poucos quilômetros do Recife. Uma cidade pacata, de gente trabalhadora e prodigiosa.

Quem percorresse a pequena estrada de terra batida que ligava Recife a Olinda, chegando ao Varadouro seria surpreendido pelo cheiro pungente de goiabas e cajus. Ali, bem cedo, caboclos curtidos pelo sol, sentados junto aos seus balaios, esperavam que a Fábrica de Doces abrisse as portas para entregar sua mercadoria. O amarelo vibrante das goiabas e o vermelho sanguíneo dos cajus lembravam um quadro de Van Gogh.  O forte aroma das frutas na manhã úmida inundava o quarteirão e embriagava os sentidos para o resto do dia. Ao cair da tarde, um outro cheiro, ainda mais forte emanava do prédio da fábrica, indicando que a goiabada estava pronta. E este perfume, este sim, ficaria impregnado pelo resto da vida.

No Varadouro, a estrada embicava para a esquerda, tornando-se estreita e partia em direção à cidade de Paulista, um nome simplório para a cidade que era: duas fábricas de tecidos, duas longas chaminés enfeitiçando o céu. A vida aí era pacata. Meu pai era gerente em uma delas. Chefiava as turbinas que geravam energia para mover as máquinas e fornecia luz para a cidade. Eu havia chegado aos 15 anos de idade. Meu pai, técnico que era, matriculou-me na Escola Tecnica do Recife para fazer o curso de Mecânico de Máquinas. Terminado o curso, o diretor de Escola, Manoel Vianna de Vasconcelos mandou-me chamar e disse: Eu soube que o Senai vai instalar uma escola para a formação de técnicos em indústria têxtil no Rio de Janeiro. Pernambuco recebeu 4 vagas. Eu indiquei teu nome. O resto já se sabe. Formei-me pela nossa gloriosa ETIQT.

07 julho 2024

 

ESTOU VELHO

Severino Mandacaru

Eu nunca trocaria meus diletos amigos, minha vida maravilhosa, minha amada família, por nada neste mundo. Enquanto fui envelhecendo tornei-me mais amável e menos crítico para comigo mesmo.  E me tornei “o melhor amigo de mim mesmo” . . .

Hoje não me censuro por comer um biscoito a mais ou uma cocada venenosa, por não fazer a minha cama ou comprar uma gerigonça qualquer de que não preciso. E me dou o direito de ser extravagante.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de aprenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se vou ficar lendo ou jogar bolinha de gude até quatro horas ou dormir até meio dia?

Vou dançar com as canções de carnaval dos anos 60 e70.

Vou andar na praia metido nem calção largo cobrindo um corpo decadente, sob o olhar penalizado dos mais jovens. Não importa, eles também vão envelhecer.

Eu sei que muitas vezes esqueço algumas palavras. Mas há coisas na vida que merecem ser esquecidas.

Claro, ao longo dos anos meu coração foi se quebrando. Como evitar isso quando você perde um ente querido, quando vê uma criança sofrer ou alguém torturado por preconceito racial.

Eu sou abençoado por ter vivido o suficiente para gravar no meu rosto o sulco das minhas risadas e a sombra das minhas lágrimas. Na medida em que se envelhece, torna -se mais positivo. Eu não me preocupo mais com o que os outros pensam a meu respeito. Eu não me questiono mais. Que a nossa amizade seja perpétua.

24 maio 2024

O QUE FAZER

 

O QUE FAZER

Tendo alcançado a idade provecta, que a semântica define como sábia, conhecedora, adiantada, deparo-me com uma dúvida neste mundo destrambelhado, com guerras fratricidas por preconceito de raças, inundações de áreas gigantescas, crimes cometidos por bandidos protegidos pela justiça e o que mais se puder pensar.

Eu continuo aqui na minha Mansão do Paraíso, em Nova Friburgo, contemplando o Sol e a Lua, cercado por altas palmeiras, troncos de eucaliptos perfumados, e o canto dos sabiás e o coaxar das rãs. E me pergunto: para onde vou?  Sei que a vida é feita de escolhas, mas além de comer a minha prodigiosa sopinha de beterrabas diariamente, fazer a barba, caminhar 15 minutos no jardim e trocar mensagens com alguns amigos, pouco me ocorre. Tenho uma família que me protege e me ajuda em tudo o que preciso. Comer, dormir e dar risadas. Tenho a mesada que

recebo da aposentadoria, que resultou do “laburo” árduo, sem domingos nem feriados ou férias de lei e que me permite atender às despesas domésticas. E o que mais no mundo se me faz preciso?

Encontrei o caminho. Zuenir Ventura, o cronista dos bons tempos, analisou o nosso comportamento diante de atitudes que nos levam a desperdiçar oportunidades com as quais nos deparamos . . . perdemos tempo com bobagens, deixando passar momentos preciosos. E termina citando o poeta Carlos Pena Filho.  Eu o conheci quando morava no Recife, sentado numa cadeira na calçada do Bar Savoy, na Av. Guararapes, para ouvi-lo declamar suas poesias. E agora quero destacar esta:

“Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo o que é solvente e provisório

E que ainda tens uma saída

Entrar no acaso e amar o transitório”.

 

E assim será. Amanhã irei em busca da vida. Eu a encontrarei. Porque ela estará presente, e eu irei procurar um emprego.

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Achei!  Vou vender Antiguidades! Partindo do pequeno acervo de que disponho.

11 maio 2024

 

A  ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

No dia 13 de maio, celebramos a abolição da escravatura dos negros no Brasil. Promulgada pela Princesa Isabel, que substituía o Imperador Dom Pedro II em viagem ao Exterior, tornou-se lei em 13 de maio de 1888. Passaram-se os anos, os escravos foram libertados, mas permaneceu o preconceito. E este existe até hoje, inclusive no Brasil. Não faltam exemplos, nas ruas, nas lojas, nos prédios, casos em que, inclusive, inervem a Polícia.

Nos Estados Unidos é muito mais grave, pois lá eles são segregados por grupos. Assisti, na Carolina do Norte, quando lá viajei a trabalho, cenas deprimentes. Uma vez, eu queria tomar um ônibus e fui, não só impedido, mas também execrado porque o carro era exclusivo para negros.

Quando adolescente, na Escola Técnica do Recife, tínhamos aulas de educação física.  Convivi com outros alunos, muitos deles negros. Logo aprendi que os negros se destacavam na maioria das atividades acabando, de uma vez, com o mito da raça ariana, com seus jovens de olhos azuis criada pelo nazismo de Hitler e que acabou criando o holocausto, maior crime da história.

 

 

 

28 abril 2024

TOLTECA

 

Os Toltecas eram um povo pré-colombiano que ocupava uma parte da América Central, mais exatamente, o planalto do México. Entre eles se encontravam os Astecas e os Maias.

Quando eu trabalhava na CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina, entre os anos 1964 e 1968 efetuando o diagnóstico da Indústria Têxtil, tocou-me fazer o do México. Fiquei contente, pois quando conheci a cidade e seus hábitos, depois da austeridade vivida no Chile, eu disse: estou no Brasil!  E não resisto a contar algumas amenidades encontradas. No primeiro evento para o qual fui convidado, um coquetel para inaugurar o início dos trabalhos, as damas da sociedade exclamavam a toda hora: Caraí! Acostumei-me logo aos hábitos locais. Entre eles, o almoço só às 4:00 h da tarde.  E tem mais: eles tinham feijão preto, coisa que a gente só tinha no Brasil. Para finalizar, quando comecei a andar pelas ruas descobri que a turma lá, quando falava, imitava o Cantinflas! Quem se lembra dele?

 

Fui muito bem recebido quando me apresentei para os trabalhos, principalmente pelo Representante Residente das Nações Unidas, que, no pais, tem status de Ministro. Nas horas livres visitava instituições importantes. Entre elas algumas Universidades. E foi aí que descobri um lugar muto visitado pelos turistas. Um altiplano, no centro do México, onde um povo   conhecido como TOLTECAS, se havia estabelecido. Eles construíram pequenas pirâmides e totens em pedra e madeira. Encantado, cheguei subir alguns degraus em uma delas.

Mas o que me interessa agora é a filosofia que dominava aquela gente. Isto porque recebi da Empreendedora Marina Spreafico um livrinho chamado “OS QUATRO COMROMISSOS”, que traz as bases dessa filosofia.  O autor é Dom Miguel Ruiz, Editora Record. O título do livro é

OS QUATRO COMPROMISSOS.

Gostaria de mostrá-lo e analisá-lo com os meus amigos.  

PRIMEIRO COMPROMISSO

Seja impecável com sua palavra

SEGUNNDO COMPROMISSO

Não leve nada para o lado pessoal

TERCEIRO COMPOMISSO

Não tire conclusões

QUARTO COMPROMISSO

Sempre dê o melhor de si

TOLTECA

31 março 2024

"O DESTNO DEPENDE DE UM INSTANTE"

 

“O DESTINO DEPENDE DE UM INSTANTE”

Este é o título de um capítulo do livro Ichi go Ichi, que chegou às minhas mãos pelos desvãos do próprio destino.

 Nele o autor mostra a diferença que produz em nossa vida o momento que vivemos, segundo as circunstâncias que o cercam. Cita exemplos e mostra a diferença entre eles.

Para ilustrar cita “O efeito Borboleta” e explica:

“O bater de asas de uma borboleta em Hong Kong pode provocar uma tempestade em Nova York.

 Exagero ou não, cheguei ao ponto que eu queria.

No ano de 1976, comecei a trabalhar como consultor técnico para a indústria têxtil.  Logo fui contratado pelo BNDE para examinar a situação financeira de um conglomerado de 4 fábricas que haviam tomado empréstimos gigantescos e se encontravam à beira da falência. Era o Grupo Dona Isabel.

 

 Para sanear a Empresa foi criado um grupo de trabalho com três representantes: um diretor financeiro, pelo Banco do Brasil,  um diretor administrativo, pelo BNDE. Eu, diretor técnico, indicado pelo Banco Central.

Tínhamos um Presidente sem função executiva. Seu trabalho era cuidar do relacionamento da Empresa com as entidades oficiais.

Certo dia fui surpreendido com um telefonema do Diretor Financeiro: “Eu soube que vou ser destituído”

Liguei imediatamente para o Presidente e pedi confirmação.

“É verdade, porque eu quero gente minha lá”.

“Nesse caso, eu me demito” disse-lhe eu.

E foi o que fiz. Os dois colegas me acompanharam. Eu sabia que ficaria desempregado. Dormi mal naquela noite. Mas foi só naquela noite.

 

No dia seguinte, recebi um telefonema do ex-Governador Aluísio Alves, Diretor das Empresas UEB – União de Empresas Brasileiras.

“Você vem trabalhar com a gente.”

No dia seguinte, fui ao seu escritório.

Primeira tarefa: Preparar um estudo para a implantação de um polo têxtil n Rio Grande do Norte.

Em seguida: Preparar um projeto para instalação de uma fábrica de tecidos modelar no Estado.

E assim nasceu a SERIDÓ.

 

 

29 fevereiro 2024

VOCÊ NÃO TEM RAZÃO

 

VOCÊ NÃO TEM RAZÃO

Quando reli a última crônica que aqui deixei, pedi desculpa aos meus incautos leitores. Comecei a falar de mim mesmo e de minhas mazelas, completando com o que gostava e não gostava. Mortificado, percebi que eu havia escrito um pedido de “extrema-unção”,

Não era verdade que eu não gostava de política.  No ano de 1964, eu vinha de Montes Claros, Minas Gerais, onde estava trabalhando no projeto de uma fábrica de tecidos. Eu desembarquei no Aeroporto Santos Dumont e tomei um taxi que me levaria até ao Centro, mais exatamente, à Pensão da Dona Maninha. Daí eu tomaria outro avião para o Recife, onde tinha a residência.  O taxi começou a dar voltas desnorteadas, parecia perdido. Perguntei ao motorista o que estava acontecendo. “É o Comício da Central.  O Presidente da República está falando.” Pedi ao motorista que me deixasse o mais próximo possível do palanque. O Presidente João Goulart discursava:

“O Imperialismo americano está acabando com o nosso país. São eles que mandam aqui. A remessa de lucros etc., etc., etc. Fiquei até o fim do comício.  E disse comigo mesmo:  “Isso vai dar merda.” Voltei para Recife. Estávamos no começo do mês de março. Eu trabalhava na Sudene, cuidando do Programa de Reaparelhamento da Indústria Textil.  Os dias se passaram. Foi quando ouvi um boato que dizia: “Um certo General Mourão encontra-se aquartelado com suas tropas em Juiz de Fora, pronto para descer e ocupar o Palácio do Catete.” Comentei isso com meus colegas de trabalho. Todos caíram na risada.  No dia 31 de março, eu estava no meu escritório quando ouvi um barulho de motores. Fui olhar pela janela e vi o Palácio das Princesas cercado por tanques armados. No mesmo instante chegava a informação de que a porta do edifício da Sudene estava bloqueada por soldados. Ninguém podia sair. Mas podia entrar.

Ato contínuo, foi indicado o General que assumiria a Superintendência da Sudene. Antes, porém, o Ministro Celso Furtado foi convidado pela Junta Militar a permanecer no cargo. Ele agradeceu, mas disse que iria para os Estados Unidos e assumiria uma cátedra numa Universidade local. Na Sudene, eu retomei meu trabalho tranquilamente. Uma semana depois, li no jornal uma entrevista concedida pelo General Superintendente: “Quando assumi, me disseram que eu iria encontrar um antro de comunistas fanáticos. Não foi isso que encontrei. Só encontrei gente competente, trabalhando com esforço para o desenvolvimento d região.”

18 fevereiro 2024

VOCÊ TEM RAZÃO

 

VOCÊ TEM RAZÃO

Chegado à idade provecta, depois de aprender uma profissão, casar-me, ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro, como mandava o catecismo que me ensinaram quando eu era adolescente. Foi aí que cheguei à conclusão que a melhor coisa do mundo é ficar calado. “Grande coisa, dirão todos”.  Sim, porque quando visito as redes sociais vejo que uma verborreia incontrolável que se espalha e entope todos os meios de comunicação.

Trabalhei muito na vida. Aos 18 anos me formei como Torneiro Mecânico pela Escola Técnica do Recife. Minha primeira profissão. Depois descambei para a Indústria Têxtil e passei a dirigir fábricas, elaborar projetos e ensinar tecnologia têxtil, tanto no Brasil como no exterior.

Mas não vim aqui falar do meu passado e sim do meu presente; das mazelas que me atormentam o corpo e alma.  Eram previsíveis e chegaram de surpresa. “Como é?” Se eram previsíveis só podiam chegar, de surpresa ou não. Você está usando uma tautologia, meu amigo, e é disso tudo que estou querendo fugir.

Você tem razão.  É tudo o que me resta para continuar cogitando. Não vou para as ruas fazer manifestações. Não quero saber de política. Ignoro discursos laudatórios, conselhos confortadores e alertas sobre o futuro que virá.

 Lembro-me daquela história em quadrinhos – eu sou daquele tempo  -  em que o Charlie Brown e o Snoopy  estão sentados, um de costas para o outro. Diz o Charlie: Você sabe Snoopy, um dia nos vamos morrer. Sim, disse o Snoopy. Um dia.  Mas todos os outros, não.

Fico por aqui. Vou viver os anos que me restam. E que serão bem vividos. Porque terei comigo minha esposa e o resto da minha família. Terei meus amigos. E tenho uma alma que mergulhará no Espaço Sideral que eterno dura, onde encontrará vida mais pura.

 

 

10 fevereiro 2024

CARNAVAL, EU TE SUPLICO

 

CARNAVAL,  EU TE SUPLICO

 

 

Tu que entraste na minha vida sem ter sido chamado. Tu que vieste perturbar a minha paz e o meu sustento. Tu que zombas do meu dia e da minha lida.

 

Suspende agora teus desvarios e dedica-me um minuto de atenção. Rendo-me aos teus encantos, abraço-te amorosamente e te suplico.

 

Ajuda-me a atravessar teus dias incólume, isento de culpas e de remorsos.

 

Porque quero fugir do quotidiano, quero esquecer as mágoas que me perseguem, quero alimentar esperanças, sonhar novos amores, viver vidas já vividas.

 

Quero recuperar saudades e chorar novamente o pranto do desespero.

 

Quero reparar os males que fiz, as dores que causei, as traições que cometi.

 

Quero mergulhar na voragem do prazer, quero perder-me na volúpia dos sentidos.

 

Quero embriagar-me com o veneno que circula por teus becos e vielas. Quero fecundar as flores que desabrocham ao som dos teus tamborins.

 

Quero amar a plebe rude que salta e canta com teus ritmos. Quero amalgamar o meu suor com o suor das tuas deusas.

 

Quero afogar em lágrimas o palco das esperanças que um dia me abandonaram, sem deixar rastros.

 

Quero dormir em campo aberto, absorver o brilho das estrelas, despertar coberto de orvalho, ofuscar-me com a luz da alvorada.

 

Quero encontrar em minha amada a alegria dos teus folguedos, quero sentir o calor que do seu peito estua, sorver de seus lábios a seiva do feitiço.

 

Quero aplacar em seus braços a dor que me consome.

Quero arder no fogo-fátuo que emana dos cadáveres insepultos das minhas memórias.

 

Quero ser Carnaval.