CARNAVAL, EU TE SUPLICO
Tu que entraste na minha vida sem ter
sido chamado. Tu que vieste perturbar a minha paz e o meu sustento. Tu que
zombas do meu dia e da minha lida.
Suspende agora teus desvarios e
dedica-me um minuto de atenção. Rendo-me aos teus encantos, abraço-te
amorosamente e te suplico.
Ajuda-me a atravessar teus dias
incólume, isento de culpas e de remorsos.
Porque quero fugir do quotidiano,
quero esquecer as mágoas que me perseguem, quero alimentar esperanças, sonhar
novos amores, viver vidas já vividas.
Quero recuperar saudades e chorar
novamente o pranto do desespero.
Quero reparar os males que fiz, as
dores que causei, as traições que cometi.
Quero mergulhar na voragem do prazer,
quero perder-me na volúpia dos sentidos.
Quero embriagar-me com o veneno que
circula por teus becos e vielas. Quero fecundar as flores que desabrocham ao
som dos teus tamborins.
Quero amar a plebe rude que salta e
canta com teus ritmos. Quero amalgamar o meu suor com o suor das tuas deusas.
Quero afogar em lágrimas o palco das
esperanças que um dia me abandonaram, sem deixar rastros.
Quero dormir em campo aberto, absorver
o brilho das estrelas, despertar coberto de orvalho, ofuscar-me com a luz da
alvorada.
Quero encontrar em minha amada a
alegria dos teus folguedos, quero sentir o calor que do seu peito estua, sorver
de seus lábios a seiva do feitiço.
Quero aplacar em seus braços a dor que
me consome.
Quero arder no fogo-fátuo que emana
dos cadáveres insepultos das minhas memórias.
Quero ser Carnaval.
É o carnaval remexendo 🥳
ResponderExcluirIsso é que é bravura; entretanto, me contento em ouvir a música do Bloco da Saudade.
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