29 fevereiro 2024

VOCÊ NÃO TEM RAZÃO

 

VOCÊ NÃO TEM RAZÃO

Quando reli a última crônica que aqui deixei, pedi desculpa aos meus incautos leitores. Comecei a falar de mim mesmo e de minhas mazelas, completando com o que gostava e não gostava. Mortificado, percebi que eu havia escrito um pedido de “extrema-unção”,

Não era verdade que eu não gostava de política.  No ano de 1964, eu vinha de Montes Claros, Minas Gerais, onde estava trabalhando no projeto de uma fábrica de tecidos. Eu desembarquei no Aeroporto Santos Dumont e tomei um taxi que me levaria até ao Centro, mais exatamente, à Pensão da Dona Maninha. Daí eu tomaria outro avião para o Recife, onde tinha a residência.  O taxi começou a dar voltas desnorteadas, parecia perdido. Perguntei ao motorista o que estava acontecendo. “É o Comício da Central.  O Presidente da República está falando.” Pedi ao motorista que me deixasse o mais próximo possível do palanque. O Presidente João Goulart discursava:

“O Imperialismo americano está acabando com o nosso país. São eles que mandam aqui. A remessa de lucros etc., etc., etc. Fiquei até o fim do comício.  E disse comigo mesmo:  “Isso vai dar merda.” Voltei para Recife. Estávamos no começo do mês de março. Eu trabalhava na Sudene, cuidando do Programa de Reaparelhamento da Indústria Textil.  Os dias se passaram. Foi quando ouvi um boato que dizia: “Um certo General Mourão encontra-se aquartelado com suas tropas em Juiz de Fora, pronto para descer e ocupar o Palácio do Catete.” Comentei isso com meus colegas de trabalho. Todos caíram na risada.  No dia 31 de março, eu estava no meu escritório quando ouvi um barulho de motores. Fui olhar pela janela e vi o Palácio das Princesas cercado por tanques armados. No mesmo instante chegava a informação de que a porta do edifício da Sudene estava bloqueada por soldados. Ninguém podia sair. Mas podia entrar.

Ato contínuo, foi indicado o General que assumiria a Superintendência da Sudene. Antes, porém, o Ministro Celso Furtado foi convidado pela Junta Militar a permanecer no cargo. Ele agradeceu, mas disse que iria para os Estados Unidos e assumiria uma cátedra numa Universidade local. Na Sudene, eu retomei meu trabalho tranquilamente. Uma semana depois, li no jornal uma entrevista concedida pelo General Superintendente: “Quando assumi, me disseram que eu iria encontrar um antro de comunistas fanáticos. Não foi isso que encontrei. Só encontrei gente competente, trabalhando com esforço para o desenvolvimento d região.”

2 comentários:

  1. E não é que deu merda mesmo? Você tem razão! 🤣

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  2. Coisas da vida. Obrigado pelo seu comntário. Vi porque vivi.

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