A Pena da Morte
Eu tive um sonho
E no meu sonho eu morria
E morrendo eu não me via
Sofrer como devia.
Porque sofrendo passei a vida inteira
E mesmo sabendo que a vida é passageira
Não me dei conta de que um dia eu morreria
De repente uma pena apareceu no espaço
Riscando os ares rápida e matreira
E apontando meu peito zombeteira
Disparou letras com desembaraço
A pena desenhava no ar letras mal feitas
Que eu arrumava sem zelo em linhas tortas
Para que fossem consideradas letras mortas
E assim passou-se o tempo
Minha alma levitava em desatino
Pois negava-se a cumprir o seu destino:
Mergulhar no Espaço Sideral que eterno dura
Onde pudesse iniciar vida mais pura
Eu me deixava flutuar no ar disperso
Para não perder as letras e desperdiçar o verso
Foi quando a pena, com sua ponta de platina
Tresloucada insana escreveu ferina:
“Aqui jaz aquele que achava
Que em sonho morreria
Mas no seu sonho delirava
Porque morto já estava e não sabia”
N.B. A fotografia que ilustra esta página foi tirada da capa do livro
“Una Noche de Amor” de Javier Marías – Edição H Kliczkowski
Muito bom! Engraçado,mas tocante.O ritmo é fluído como uma pena mesmo. O título é genial. Parabéns, Luigi!
ResponderExcluirCaramba! Muito boa essa Pena!
ResponderExcluir