Eu estava falando de Literatura Naif e de repente me regalam com um livro de memórias do Capiba. Ele mesmo, o grande compositor pernambucano que, fugindo da mesmice, chama o seu livro, não de memórias, mas de "Livro de Ocorrências", talvez influenciado pelos quase trinta anos que serviu como funcionário do Banco do Brasil.
E ocorrências não faltaram ao Capiba pois ele reuniu nada menos do que 500 páginas num verdadeiro compêndio sobre a música popular
brasileira. Ali ha um mundo de história, que começa em 1904 e vai até a data da sua publicação, em 1985. Capiba abre o seu livro com uma frase que vale um poema: "O aboio de nossos vaqueiros é o cantochão do povo nordestino", e termina com uma frase lapidar:
"Nada mais eu disse, nem me foi perguntado!".
Ocorreu-me comentar aqui o livro do Capiba porque me parece um modelo de literatura naif por sua singeleza, sua ingenuidade, na pureza infantil com que expõe seus conceitos. Ler Capiba é ouvi-lo falar, com sua voz calma e pausada, com seus tropeços nos "ces" e "ques".
Vejam este trecho:
"Conforme disse, quando eu era menino minhas paixões eram a música e o futebol. A música eu continuei praticando porque não exigia esforço físico, ou melhor, não precisava de estar correndo de um lado para outro atrás das notas. Era só me sentar diante de uma mesa, e de acordo com a vontade, ou com o que eu já havia idealizado, pegar da pena ou lapis e partir para uma construção melódica. Digo isso porque não acredito nessa história de inspiração. O sujeito faz aquilo que sabe e estamos conversado."
Assim era o Capiba.
Não bastavam as saudades do Capiba.Agora juntou-se o Ariano
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