17 maio 2023

A LONGEVDADE VISTA DE LONGE

 Muito se tem falado sobre a longevidade. Psiquiatras, psicólogos, sociólogos e até engenheirólogos têm discutido o assunto, propondo métodos e processos para alcançá-la.

Sugerem mudança de hábitos no comportamento, na alimentação, atividade física, meditação, contacto com a natureza, relacionamento humano, manter um trabalho regular e  outras sugestões interessantes. Em uma palavra : Vida saudável !

 Por outro lado, pesquisadores identificaram que existem, na terra, zonas que possuem um “dna” diferente, onde seus habitantes mostram idades avançadas. Um exemplo prático seria a  Sardenha, na Itália. Existe também exemplos no Japão, na China e na Índia. Os pesquisadores deram a esses lugares o nome “zonas azuis”

Constatei que a parte central da Lombardia - Norte da Itália,   exatamente no Município de Sulzano, onde se encontra o belíssimo Lago de Iseo - possui também o gene da longevidade. Ali, quando eu ia visitar meus parentes, eu costumava assistir a Missa na Paróquia do bairro. O enorme sino da torre dobrava um toque fúnebre para saudar os falecidos. Ao lado, um enorme cartaz exibia a foto dos defuntos com o ano do falecimento. Nunca encontrei ninguém abaixo dos 90 anos.

Muito bem. Falei muito da longevidade.

Só que agora não sei o que fazer com ela.

Arrasto meu corpo através dos tempos. Sou uma sombra de mim mesmo. Meu corpo vaga pela noite como um fantasma à procura de almas para assustar. Quem sou ?  Onde estou ?

Vou pedir ajuda ao Poeta. *


“De repente uma pena apareceu no espaço 

Riscando os ares rápida e matreira

E apontando meu peito zombeteira

Disparou letras com desembaraço

A pena desenhava no ar letras malfeitas

Que eu arrumava sem zelo, em linhas tortas

Para que fossem consideradas letras mortas

E assim passou-se o tempo.

Minha alma levitava em desatino

Pois negava-se a cumprir o seu destino

Mergulhar no Espaço Sideral que eterno dura

Onde pudesse iniciar vida mais pura”

Assim foi e assim será. Que minha alma continue a flutuar no ar disperso. Que minha Longevidade seja vivida em toda a sua longitude. Que eu possa usufruir da minha Mansão, com seus 150 metros quadrados, juntamente com minha esposa, filhos, netos e demais familiares. Que meus amigos continuem a me visitar e fazer companhia, como sempre fizeram. E que eu possa gritar, quando acordar, pela manhã, “Sou um homem feliz.”

“DOMINE NON SUN DIGNUS”

 

* Página 146 do Livro.

 

 

09 maio 2023

È TRISTE, MAS EU NÃO LIGO

 


No dia 9 de Maio de 2020 escrevi o texto que reproduzo abaixo:

 “Triste é você descobrir que o computador virou o melhor amigo do homem. Triste é você acabar escravo dos tizapps da vida e, na ânsia frenética de dar respostas, descobrir que o seu dedo aperta 3 letras ao mesmo tempo. Você leva mais tempo para corrigir o que escreveu do que levaria para escrevê-lo.  Não se faz mais dedos como antigamente!

Triste é você descobrir que a bengala virou o móvel mais importante da casa.

Triste é você não poder tirar aquele livrinho da estante mais alta da sua biblioteca porque não consegue mais subir os degraus daquela escadinha de meio metro de altura.

Triste é não poder mais ler a bula do remédio ou a coluna interna do jornal porque as letras ficaram misteriosamente miúdas.

Triste é você descobrir que o nível do chão ficou mais baixo do que era antes e que o mesmo sofá, no qual você sentou toda a sua vida, ficou mais longe e agora você desaba nele como um saco de batatas.

Triste é quando você conta aos seus amigos que votou no Bode Cheiroso e eles dizem que você é o responsável pela desgraça que desabou sobre suas cabeças.

Triste é que, quando eu for reler este texto, manuscrito que foi, não vou conseguir entender as palavras que escrevi.

Mas triste mesmo será quando eu não tiver mais motivos para ficar triste. Porque aí, eu me darei conta de que era feliz e não sabia ! “

Hoje, dia 9 de Maio de 2023, exatamente 3 anos depois, vejo que nada mudou. Minha carcaça continua a mesma, minhas dores aumentaram um pouco e meus desejos se aquietaram.  Mas uma coisa aconteceu. A premonição feita no último parágrafo se confirmou. Hoje eu sou feliz.