12 março 2023

A SUDENE

 

 CAPÍTULO  5

 SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

Programa de Reaparelhamento da Indústria Têxtil do Nordeste.

Carregando meu pedaço de papel na mão como um náufrago carrega sua prancha de salvação, alcancei a sede da SUDENE no centro do Recife. A SUDENE tinha como Superintendente o Ministro Celso Furtado, que havia identificado na Região Nordeste um descompasso no setor econômico em confronto com o resto do País. Grande produtor de matérias primas e fornecedor de abundante mão-de-obra, o Nordeste carecia de uma indústria manufatureira e conhecimento tecnológico. Dentro desse quadro sobressaia a Indústria Têxtil, com empresas de perfil notadamente familiar suas máquinas obsoletas e técnicas administrativas precárias.

 Quando cheguei, fui apresentado ao Diretor do Departamento de Industrialização, Dr. Juarez Farias, que me entrevistou. Foram três horas de interrogatório, com perguntas que dissecaram a indústria têxtil e me deixaram combalido.

-- Muito bem. Você está contratado!

Foi constituído o Grupo Têxtil. O técnico responsável e três especialistas: um engenheiro civil, um contabilista, e um advogado.

E assim foi criado o Programa de Reaparelhamento da Indústria Têxtil do Nordeste, que viria a ser aprovado pelo Conselho Deliberativo da SUDENE, em 9 de Junho de 1961.         

Iniciamos os trabalhos identificando o tipo de assistência técnica que seria oferecido às Empresas:

1 - Treinamento de Administradores: Proprietários, Diretores, Gerentes,          através de cursos intensivos, seminários e outros veículos.

2  -  Treinamento de Contramestres. Foram produzidas apostilas ensinando como calibrar, montar e desmontar as máquinas e aparelhos das diversas seções: Fiação, Tecelagem, etc.

3 - Aquisição de equipamentos novos, com financiamento bancário, isenção tarifária para máquinas importadas.

4 – Incentivos fiscais como isenção de 50% do imposto de renda, além de outro que permitia a utilização do restante para a compra de equipamentos.

Os incentivos oferecidos foram de tal magnitude que a participação do Empresário, no investimento do projeto, ficou reduzida a 15 %.

Por fim, para poupar o custo elevado em que incorreria o Empresário com a elaboração de um projeto produzimos um “Projeto Padrão “. Bastava preencher as planilhas oferecidas com os dados técnicos e financeiros. A única exigência imposta foi que o Empresário ficaria obrigado a sucatear o equipamento obsoleto.

Iniciado o Programa, visitei todas fábricas do Nordeste para efetuar a análise dos projetos ou ajudar na elaboração do Projeto Padrão.

Meu trabalho na SUDENE durou até Setembro de 1964. Nesse mês recebi um convite para trabalhar na            CEPAL – Comissão Econômica Para América Latina, uma organização das Nações Unidas. O contrato inicial era de 7 meses, para colaborar em um diagnóstico do setor têxtil Latino-americano. Percebi que era uma repercussão do meu trabalho na SUDENE.

Aceitei. E fiquei quatro anos. Mas essa é outra história.

 

 

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