Eu fiquei. E comigo ficou a primavera com
seu clima ameno e seu sol encabulado. Os sabiás com seu chilreado, não se
cansam de cantar. Os saguis pulam, cada um no seu galho e tentam nos confundir
com seus assobios disfarçados. A natureza penetra polos nossos poros e nos
obriga a viver felizes mesmo contra a nossa vontade. Crianças alegres saltitam
agilmente brincando de Amarelinha sobre os retângulos desenhados com giz branco
sobre a calçada.
“ Você tá variando, Galego. Amarelinha
? Quem já viu criança brincando na calçada
hoje em dia ? Pulando amarelinha, e com uma perna só, não é, Galego ? Também viu
moleques no meio da rua jogando pelada com bolas improvisadas, feitas de meias
velhas não é ? Você tá leso, pirou de
vez Galego. “.
“ Ué, você táva aí, Severino ?
“ Criança hoje só faz joguinho no celular.
Está todo o mundo ali, com a cabeça mal espetada no topo do esqueleto, ninguém fala,
olhar fixo na tela procurando adivinhar de onde vem a próxima paulada, facada,
bomba, relâmpago, estrondo ou a suprema desgraça : a frase “ game over ”
“ Pera
aí Severino, não é bem assim . . . o mundo de hoje . . . “
“ Quer saber de uma coisa, Galego ? Vai
jogar xadrez, vai ! “
Setembro se foi. E foi um mês de muita felicidade
e alegria. Foi um mês de comemorações, de festejos, de agradecimento a todos os
membros da família dispersos por este mundo afora, separados por fronteiras que
a Pandemonia, sem acento nem endereço, resolveu tornar intransponíveis.
Foi um mês, também, de reconhecimento aos
amigos, que nos acompanharam com sua presença, agora virtual, suas palavras de
apoio e incentivo, sua contribuição na solução das mazelas quotidianas que nos
alcançam na flor da idade, ou melhor, na idade provecta.
“Domine
non sum dignus”.
Pois agora é preciso viver o Outubro e
tudo o que vem pela frente: Consertar ossos quebrados, endireitar colunas tortas
e desinchar os pés, cozinhar macaxeira e lavar as próprias panelas.De resto, pouco tenho a lhes oferecer. Fica
pelo menos o consolo de que esta crônica saiu bem curtinha.
Entre um setembro e outro muitas coisas mudam e a Natureza se reorganiza para fazer setembro rebrotar. Que suas Crônicas continuem brotando, mesmo quando não seja setembro, e que receba a cor de cada emoção da mesma forma que cada mês transpira a cor do calor que recebe.
ResponderExcluirObrigado C.Guilherme, pelo seu comentário assaz encorajador. Esperemos que esta Pandemonia, sem acento nem endereço, possa aliviar em tempo habil o castigo que desabou sobre nossas cabeças.
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