https://memoriasdeumvago.blogspot.com/2020/10/dezembro-esta-chegando.html
Dezembro está chegando e é bom que o faça.
Depois que Setembro se foi fiquei à cata de migalhas nos vastos jardins do meu
Castelo, atividade que, inicialmente enfadonha, tornou-se fascinante e desafiadora.
Depois do esculacho que levei do Severino
na semana passada, não vi mais as crianças alegres saltando Amarelinha com uma
perna só. Nem com duas. Aproveitei a lição e desencavei um velho disco do Kasparov.
E passei a capturar Bispos e Damas no computador.
Muitos anos atrás dediquei tempo e esforço
a fim de encontrar uma receita para fazê-lo em casa. Tive êxito numa delas,
justamente na especialidade mais difícil e inexistente, pelo menos no mundo
civilizado que eu frequentava: um Panettone de farinha totalmente integral. Quem
já trabalhou em Confeitaria sabe muito bem, é como trabalhar com areia. Mas eu
tive sucesso e o aproveitei comercialmente quando, depois de aposentado,
precisei encontrar uma atividade que me permitisse complementar a mísera mesada
que o Serviço Social me proporcionava.
Eu havia criado a marca “Panettone do Flamínio”. Então me veio a ideia: Escrevi nas tiras, em letras vermelhas, a frase “ Panettone do Flamínio. A energia do corredor “. A fita foi fixada ao panettone, como um galhardete flamejante. As prateleiras das lojas ficaram reluzindo. E as vendas dispararam.
“ Seu Galego da gota serena, por que você não faz o “Natal Tropical ?”
O
novo cenário já estava definido: Estava no poema de um amigo meu, Wanderlino
Teixeira Neto, denominado “Noel Tropical”.
Ilustrei o poema com uma receita de pé de
moleque pernambucano, como sugestão para substituir o clássico panettone. É a crônica
de número 75 – “Bolo de Natal”
Tá bom, Severino, você ganhou. “Fiat voluntas tua” . Aqui vai :
NOEL TROPICAL
Wanderlino Teixeira Neto
“Enfeitarei com bolas de bexiga meu pé de angico
plantado lá no fundo do quintal.
Não virá, neste Natal, Noel, aquele tal:
gordo, patusco, bem nutrido .
sem gorro na cabeça chata,
de bermuda, camiseta e alpercata.
Em vez da alva barba, a boca em caco
e um balaio, não o saco.
Haverá Sol em lugar da neve de algodão
e os sinos não badalarão neste Natal:
os sons serão de berimbau!
Nada de castanhas, nozes, avelãs e vinhos de outros cais,
apenas aguardente e frutos tropicais!”
Vejam só: Noel virá de jegue, não de trenó!
Até nem será Noel quem virá neste Natal,
mas Severino e Ribamar, e Juvenal e Zé...
que hão de dispensar a sorrateira chaminé!”