20 maio 2020

A Penitência Universal


Em dezembro de 2009 escrevi “As vozes do Além” (Crônica Nº 16), na qual relato as vicissitudes pelas quais passei numa viagem de trabalho ao Japão. Eu estava detalhando com a  Shikishima Spinning a construção da  fábrica de tecidos Seridó, no Estado do Rio Grande do Norte  Nas viagens para Tokio, frequentemente passava por São Francisco da Califórnia, onde pernoitava um ou dois dias. Em Tokio, ficava sempre hospedado no Imperial Hotel, ou “Imperiaro Otero” como eles pronunciavam.
Nessa manhã, eu havia acordado cedo e o imenso lobby do hotel estava deserto. E eu, mergulhado nos meus pensamentos, através de um sopro misterioso, fui informado de que a minha vida iria mudar. E para sempre. Não vou aqui deter-me nos detalhes mas quem leu “As vozes do Além” sabe o que passei.
Desfeito o sortilégio, voltei ao mundo dos cautos . . .

. . . para descobrir, tantos anos depois, este mundo destroçado em que estamos vivendo. Que força maligna, que desígnio superior, que conluio de deuses enfurecidos se espalharam pelo universo para nos submeterem a esta penitência sem previsão de tempo para cumpri-la.
Alguém decidiu fazer justiça na terra, não há dúvida. “O saber supremo, a  podestade divina  e o primeiro amor” , como dizia Dante, baixaram à terra e aplicaram o castigo devido: A Penitência Universal.

Olhemos à nossa volta. O que vemos?  O desarranjo total do ser humano. A desorganização total da sociedade. A degradação total do caráter. O aviltamento dos valores morais.

Guerras entre países, lutas internas, rebeliões civis, conflitos entre raças e
violência decorrente de preconceitos, tudo isso ornamentado por teses estapafúrdias baseadas em ideologias, crenças religiosas ou simples preconceitos.
Hipocrisia, egoísmo, suspeição, ganância, traições. O contato humano virou fantasia.
Preparemo-nos. Temos uma penitência a cumprir. E cada um prestará contas ao seu Deus. Ou à Divina Podestade.

7 comentários:

  1. Achei que nenhum pássaro cantasse
    se um lavrador não mais colhe o que planta,
    se uma família vai dormir sem janta
    com um soluço preso na garganta.
    Mas canta.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A despeito da justa prestação de contas à Divina Podestade, às guerras, conflitos, hipocrisia e todas a degradação do ser humano, a primavera invadiu a minha casa, os passarinhos não respeitaram a quarentena, os rios continuam a correr e mesmo os cervos e raposas vieram passear no jardim.
      E é assim que tem que ser: Colocar o ser humano em seu devido lugar!

      Excluir
    2. Muito justo. É o sincro destino.

      Excluir
  2. Espero que cada um responda por seus atos! Não gostaria de um karma universal.

    ResponderExcluir
  3. Querida Marina. Obrigado pelo seu comentário. O que você pretende, e espera, é justo. A praga caiu sobre o Universo inteiro, e a Penitência será aplicada a cada um na medida dos seus méritos. Pace e Amore.

    ResponderExcluir
  4. E assim funciona o ser humano, precisou uma pandemia para valorizarmos muitas coisas.
    Tomara que está valorização perdure. Acho que não, infelizmente!

    ResponderExcluir

Comentario :