Novo
Cruzeiro é uma cidadezinha escondida nos
confins das Minas Gerais, quase
fronteira com a Bahia, de onde recebe influência na sua linguagem e
na sua bravura para enfrentar as vicissitudes do clima. Deixou de ser incluída
no Polígono das secas por uma asa de mutuca. Nem por isso deixa-se de perceber
a atmosfera árida do Nordeste que se
reflete nos tomates raquíticos, na abundancia do maxixe e na escassez da
banana.
O
caminhar distraído das gentes na rua, a simplicidade de sua arquitetura nas
casas de teto baixo, um cão que fareja as bancas na feira, completam o cenário
da cidade típica nordestina que espera o desenvolvimento econômico prometido
pelos nossos planejadores. Enquanto isso não vem, Novo Cruzeiro produz cultura.
E amor.
Nesse pequeno mundo Shirley
Pereira dirige, com grande dinamismo, a Escola Estadual Inácio Murta. Ali se ensina. Ali se produz poesia e
música. Se canta, se dança e se faz
teatro. E ali se divide o pão.
Foi
num cenário desses que, em noite memorável,
Tatiany Araújo, um fruto da
terra, apresentou sua criação: “O Jovem da Rua 4”, um hino à vida em 77
páginas. Com a ajuda de Líbia Batista, uma jovem psicóloga, Tatiany expôs as vísceras
de Dã, seu principal personagem. E a
fila dos autógrafos, que não terminava nunca, penetrou pela noite entre risos e
beijos.
Pouco
depois Tatiany anunciou que faria uma sopa. Uma sopa de banana verde. Bem
verde. Muito sisuda, preparou os utensílios. Preparou a banana. E preparou os
temperos. Levou a panela a cozinhar em fogo brando. Só então abriu um sorriso
que durou até a sopa ficar pronta.
Eu
não vou lhe ensinar aqui como se faz a sopa de banana verde. Se você quiser
aprender terá que ir a Novo Cruzeiro e conhecer Tatiany, a bruxa das metáforas.
hummm...gostei desse final...saudades, caro amigo...
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