O QUE FAZER
Tendo alcançado a idade provecta, que a semântica define como
sábia, conhecedora, adiantada, deparo-me com uma dúvida neste mundo destrambelhado,
com guerras fratricidas por preconceito de raças, inundações de áreas
gigantescas, crimes cometidos por bandidos protegidos pela justiça e o que mais
se puder pensar.
Eu continuo aqui na minha Mansão do Paraíso, em Nova
Friburgo, contemplando o Sol e a Lua, cercado por altas palmeiras, troncos de eucaliptos
perfumados, e o canto dos sabiás e o coaxar das rãs. E me pergunto: para onde
vou? Sei que a vida é feita de escolhas,
mas além de comer a minha prodigiosa sopinha de beterrabas diariamente, fazer a
barba, caminhar 15 minutos no jardim e trocar mensagens com alguns amigos,
pouco me ocorre. Tenho uma família que me protege e me ajuda em tudo o que
preciso. Comer, dormir e dar risadas. Tenho a mesada que
recebo da aposentadoria, que resultou do “laburo”
árduo, sem domingos nem feriados ou férias de lei e que me permite atender às
despesas domésticas. E o que mais no mundo se me faz preciso?
Encontrei o caminho. Zuenir Ventura, o cronista dos bons
tempos, analisou o nosso comportamento diante de atitudes que nos levam a
desperdiçar oportunidades com as quais nos deparamos . . . perdemos tempo com
bobagens, deixando passar momentos preciosos. E termina citando o poeta Carlos
Pena Filho. Eu o conheci quando morava
no Recife, sentado numa cadeira na calçada do Bar Savoy, na Av. Guararapes,
para ouvi-lo declamar suas poesias. E agora quero destacar esta:
“Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo o que é solvente e provisório
E que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório”.
E assim será. Amanhã irei em busca da vida. Eu a encontrarei.
Porque ela estará presente, e eu irei procurar um emprego.
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Achei! Vou
vender Antiguidades! Partindo do pequeno acervo de que disponho.