Ou....Você já fez sua
atualização hoje ?
Diariamente, sou incentivado a atualizar minhas conexões com tudo o que existe neste mundo. Dos apps do Play Store, com sua infinidade de lojas comerciais até os sites de bancos, saúde, bibliotecas, compras, clima, comer e beber, entretenimento. . . a gota serena. Se queremos continuar existindo, temos que efetuar todas as atualizações, sem dúvida. Portanto, a primeira coisa a fazer é atualizar a mim mesmo, do contrário, como poderia eu atualizar as outras coisas ?
E aí, modéstia à parte, devo dizer que
isto eu já fiz. Lembram-se de quando eu escrevi, isso já faz muito tempo, que
eu havia achado entre as ferramentas da roça um pacotinho de semente de rúcula,
vencida há mais dois anos. Mesmo assim eu a plantei. E ela germinou. Porque eu ignorei
sua data de vencimento. Nós também nascemos com uma data de vencimento. Eu
ignorei minha data de vencimento. E me atualizei.
Agora me encontro diante do vasto e complexo mundo da tecnologia que se atualiza vorazmente, atropelando os incautos seguidores que atingiram a idade provecta. Vejam, por exemplo, as redes sociais. A ramificação interminável dos seus tentáculos, com gugols, feicebuques, tuites, plataformas, alçapões, gaiolas, arapucas e o que mais se chamem, com seu universo de informações: painéis de publicidade, palestras educativas, admoestações, piadas, filminhos, musiquinhas. Tudo ali, de graça, ao alcance dos dedos.
Que inveja dos não provectos. Que inveja da juventude sadia e prodigiosa que, usando um aparelho inicialmente inventado para falar, agora pode consultar quem foi o poeta que escreveu “Visita à casa paterna”, quem foi Napoleão Bonaparte ou quando começou a Segunda Guerra Mundial.
E eu aqui com minha Enciclopédia Barsa tentando descobrir como faço o gambito de dama no meu tabuleiro de xadrez.
Bem lembrado! O jogo de xadrez! Você conhece
alguém que joga xadrez? Acho pouco provável. Perguntei a um garotão o que era
xadrez, e ele respondeu: É uma espécie de xilindró?
Os jogos de salão agora são todos digitais.
Com uma metralhadora você destrói um inimigo imaginário, com uma espada decepa
dez cabeças simultaneamente e com dois dragões horrendos soltando fogo pelas
ventas você provoca o riso em crianças que outrora fugiriam de medo.
“O tempora! o mores !,” dizia Cicero, o Romano.
-- Mas, afinal, onde estão as Obras Primas da Literatura ?
-- Eitcha, eu já ia me esquecendo. Isso é uma crônica fake que eu ia escrever. Mas não se preocupem, não vou falar de política, não vou acusar ninguém nem difamar autoridades constituídas, coisas que se encontram nos jornais de hoje. Vou apenas contar o que aprendi quando, ainda jovem, conheci o Giovanni Papini, de quem logo fiquei amigo. Ele era um escritor meio tan . . . tan, mas escrevia diabruras sensatas. Publicou um livro chamado simplesmente “GOG”, nome do personagem que atua como narrador ao longo do livro. Um dia o Giovanni me perguntou :
-- De tudo o que você já leu, o que é que você consideraria uma obra prima?
-- Não tenho a menor ideia. Já li um pouco de tudo, desde livros técnicos, religião, filosofia, todas as peças teatrais de Luigi Pirandello, Eugene O’Neil, Ariano Suassuna . .
-- Pois eu vou lhe dizer: Escolhi 10 peças da literatura mundial que atendem a esse requisito. E consultei um crítico literário, que confirmou a minha escolha. Defini cada uma delas em duas ou três linhas. Cabe a você identificar o autor.
1º “A viajem de um vivo na fossa dos mortos com o fim de falar mal dos mortos e dos vivos”.
2º “Um doido tísico e um doido gordo que vão
mundo afora em busca de sovas.”
3º “Um pulha cujo pai foi assassinado e
que, para vingá-lo, faz morrer a rapariga que o ama e outros diversos personagens.”
4º “Um diabo coxo que levanta os telhados
de todas as casas para exibir as suas vergonhas”
5º “As aventuras de um homem de estatura média
que se faz gigante entre os pigmeus e anão entre os gigantes sempre de modo
inoportuno e ridículo.”
6º “A história ridícula de uma adúltera
provinciana que se entedia e, por fim, se envenena.”
7º “Um rapaz pobre e febril que assassina uma
velha e que depois, imbecil, não sabe aproveitar-se da coartada e acaba por
cair nas mãos da polícia.”
8º “As sortidas loquazes e incompreensíveis
de um profeta acompanhado de uma águia e de uma serpente.”
9º “As peripécias de um professor demoníaco
servido por um demônio profissional.”
10º “A odisseia de um idiota que através de
bufas desventuras sustenta que este mundo é o melhor dos mundos possíveis.”
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Bem,
vocês ouviram, né? Cabe a vocês identificarem o autor.