Perdoem-me se me refiro insistentemente à
minha “Idade Provecta”, mas é a única que tenho neste momento. Atenham-se ao
sentido lato da palavra e ignorem os superlativos. Para explicar, nada melhor
do que um exemplo extraído dos cafundós da
memória.
Quando participei do Blog “Curta Crônicas”,
que acabou sendo destruído pelo tempo, tínhamos que colocar um perfil que fosse
expressivo mas de poucas palavras. Coloquei uma foto com a cabeça coberta por
um chapeuzinho de malandro e escrevi o seguinte:
E agora nem sei se continuo, visto que é possível
que já esteja morto e nem saiba. Já sei, vou tomar um copo de vinho e ficarei
sabendo. “In vino veritas”. Nem preciso
explicar.
Mas
até para saber isso a coisa se complica. Os dados estatísticos são divulgados
pelo Ministério da Saúde e, simultaneamente, por um consórcio de veículos
de imprensa, que apresentam ligeira divergência entre si. Até aí, tudo bem. É só
escolher o que agrada mais ou o valor médio. O que causa espécie é que o número
dos falecidos decresce nos fins de semana ! Mas logo encontro a explicação: o “Sistema”
entra em repouso nos Sábados e Domingos e não conta os óbitos, os quais serão computados
no próximo dia útil. Se for pela fadiga dos funcionários da saúde que estão se
arrebentando de trabalhar e arriscando sua vida, é perfeitamente compreensível.
Mas se é por causa do “sistema” não faz sentido. Não é possível que o Ministério
da Saúde, com toda a tecnologia disponível, não disponha de um “sistema” mais
adequado. Aliás, não deveria causar surpresa. O comando dos principais cargos
oficiais do ramo tem mudado com tanta frequência e tal rapidez que não fica
tempo para a execução dos ajustes. Ademais é preciso reconhecer que assunto da
pandemia é realmente complexo. Ouvi uma entrevista na imprensa que se encerrou
com uma frase lapidar: “É, esse troço é muito complicado”.
Em meados de Abril estávamos por volta de
200 óbitos diários em todo o país. Esse número foi crescendo até atingirmos 1013
casos fatais, a cada 24 horas no final de Julho. Nesse ponto a curva se estabilizou
e, aos poucos, o número começou a decrescer alcançando 344 óbitos por dia, nos
primeiros dias de Novembro. A felicidade foi geral. Esperava-se que logo chegaria a vacina e estariam criadas as condições
para o controle da Pandemia.
Instruções temos, até em demasia.
Conflitantes, confusas, interesseiras, enigmáticas e muito mais. Entre elas certamente
estarão as corretas. Quando as autoridades se entenderem saberemos o que fazer.
Enquanto isso, a única coisa segura é ficar em casa. Quem puder. Porque o pobre
assalariado tem que enfrentar diariamente o seu ônibus inseguro, enfrentar
filas de todo o tipo e deixar as crianças com a vizinha, sem máscara. E a
economia . . . Economia? Pergunte aos universitários.
Incapaz de administrar tamanha
complexidade, além do volume despropositado do que circula nas mídias sociais -
já ouvi muitos profissionais dizerem que isso é “Máquina de fazer doidos” - decidi
abandonar o campo e voltar aos meus métodos convencionais de me manter instruído:
A Enciclopédia Barsa e o Tesouro da Juventude. Este último menos, porque quando
eu era jovem, ele já andava meio velhinho.
Portanto, não esperem de mim nada fora dos
varais. A Barsa sei que todos conhecem. Quanto ao Tesouro da Juventude,
perguntem aos Universitários.
Embora não esteja tão provecta quanto você, concordo com o que dizes.
ResponderExcluirO mundo está muito chato!
E os seres humanos que nele vivem (salvo algumas exceções), também...
Aliás, o mundo está tão chato justamente por causa dos seres humanos que nele vivem, não é?
Os pássaros continuam cantando, as flores brotando, os rios correndo para o mar, a chuva chovendo.
Claro que sempre virá alguém para dizer - ah, mas o aquecimento global, a mudança climática, a poluição... sim, é um fato. Produzido pelo homem chato!
Um fato que encontra consolo na crônica "E se não houver amanhã" que reproduz o impactante poema "Mas" de Antônio Roberto Fernandes.
Vale a releitura
https://memoriasdeumvago.blogspot.com/2015/04/e-se-nao-houver-amanha_10.html
Obrigado Raquel, pelo seu comentario. De fato, o poema "Mas" soa como uma oracao. Merece ser lido todos OS dias.
ExcluirSábio é aquele que entende a vida observando que é imperativo criar eventos, com um pensamento saúdavel e viver no tempo de Kairós... buscando a oportunidade de aumentar o nosso potencial humano!
ResponderExcluirObrigado Ana, pela sua contribuição.
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