O aplauso do blogueiro é o comentário.
Num teatro onde se representa qualquer coisa a platéia costuma se manifestar aplaudindo, quando gosta, ou vaiando, quando não gosta, o que vê. Tem sido assim desde a tragédia grega até os cantadores do Nordeste. Em muitos casos, o público alcança um grau tal de entusiasmo que aplaude em cena aberta, obrigando os atores a suspender a representação, mantendo-se congelados em suas posições. Na ópera isto é muito comum quando o tenor ou a soprano terminam uma ária mais difícil. Dependendo da intensidade dos aplausos e dos gritos de bis...bis... o cantor retribui com uma repetição da ária.
Mas nem sempre há aplausos. Também há desaprovações. Muitos tenores foram vaiados em cena aberta por desafinarem e disto não escapou nem o grande Pavarotti num dia em que sua goela o traiu, no Scala de Milão.
Os aplausos e as vaias são, para os atores, a bússola que os orienta e os incentiva a prosseguir – ou não – no seu trabalho. Pessoalmente sou contra os apupos e vaias. Pode-se deixar de aplaudir algo de que não se goste mas vaiá-lo é uma violência que desonra o ser humano..
Para o blogueiro que transpira na labuta quotidiana extraindo das entranhas palavras e pensamentos na esperança de levar ao seu leitor um pouco de qualquer coisa que o faça pensar, rir, chorar, sonhar, dormir, xingar, lamentar ou seja lá o que for, merece também um aplauso, uma desaprovação, ou seja lá o que for.
Porque o aplauso do blogueiro é o comentário
Mas não se assuste caro colega se os comentários que você receber nem sempre lhe forem favoráveis Vou mostrar-lhe o que Millor Fernandes, o grande Millor, recebeu quando estreou a peça “Um Elefante no Caos”, em Julho de 1960:
1 - “Um Elefante no Caos”, simplesmente não é teatro” - Van Jafa, no Correio . da Mãnhã
2 – “Millor é um individualista pré marxista, preso a um sistema ético-familiar.” – . Paulo Francis, no Diário de Notícias.
3 – “O enredo nada tem de interessante.” – Brício de Abreu, no Diário da Noite.
4 – “Conseguiu Millor Fernandes uma coisa dificílima; transportou para o palco . sua seção humorística de “O Cruzeiro”. – Zora Seljan, O Globo
Acho, também, que você não deve se amofinar por ter escrito, alguma vez, alguma bobagem. Grandes escritores já escreveram grandes bobagens. Console-se, por exemplo, com esta pérola escrita pelo admirável Oscar Wilde:
“Não gosto dos atuais livros de memórias. Em geral são escritos por pessoas que esqueceram completamente tudo o que viveram ou então não fizeram nada digno de lembrança”
Quanto a mim, estou orgulhoso. Soltei as amarras. Comecei minha carreira de crítico descendo o sarrafo no Oscar Wilde.
Finalmente, considerando que nos dias de hoje todo mundo anda extremamente ocupado, resolvi apresentar uma coleção de comentários pré-fabricados que facilitarão o leitor, anônimo ou não, a fazer sua crítica. Não precisa nem ler a matéria. Muitos deles se ajustam a qualquer tema. È rápido. Basta clicar: Copiar / Colar.
Estão separados em duas categorias: na primeira estão comentários já usados, extraídos de blogs existentes, portanto autênticos. Destes, alguns foram recondicionados ou receberam pequenos reparos, outros apenas retoques de pintura.
A segunda categoria apresenta comentários novinhos em folha – para quem não gosta de mercadoria usada.
COMENTÁRIOS SEMI-NOVOS
1 - Será que crônica tem a ver com a indignação do cronista?
2 - Gostei do seu texto!
3 - Seu texto está muito bem escrito mas não me parece uma crônica.
4 - Desculpe, senhor cronista, mas o senhor é um chato.
5 - Somente, do meio para o fim é que achei que estava lendo uma crônica.
6 - Bem escrito mas completamente fora do tema.
7 - Parece que tem o dom de descrever o universal, mas ficou confuso.
8 - Estava gostando muito no início mas quando comecei a ver a série de . . . palavras terminadas em “inhos e inhas” cortou o meu baratinho.
COMENTÁRIOS NOVOS EM FOLHA
1 – Sua crônica é chocha mas bem escrita.
2 – Li, pacientemente, a sua crônica.
3 – Parabéns! Tente novamente.
4 – Caro cronista: você diz que é um incompreendido. Já tentou escrever para os internos de um manicômio?
5 – Gostei da sua crônica. Ela me faz rir.
6 – Nunca li um parvo. Abri uma exceção para você.
7 – Escrevi um comentário tão maluco quanto a sua crônica. Por isso não ouso publicá-lo.
8 – Linda, a sua crônica, lembra-me o quadro “Guernica”, de Picasso..
9 – Sua crônica está saborosa. Vou comê-la com meus amigos, acompanhada de muita cerveja e batatas fritas.
10 – Absit injuria verbis.
11 – Fui induzido a ler os seus Hái- Kais. Comparo o suplício a que fui submetido com o de uma galinha condenada a bicar micro-partículas de fubá em lugar de grãos de milho.