Atenção Respeitável Público !
Vai começar o espetáculo ! Venham todos assistir ! . . .
. . . “Telepatia e transmissão do pensamento executadas por um jacaré. Não é truque nem mistificação. É a ciência ao lado do reino animal.”
Este era o pregão de um camelô que eu ouvia numa praça qualquer da Tijuca, no meu velho Rio de Janeiro quando eu trabalhava na ISEO Alimentos, a casa comercial de saudosa memória e morava no Solar do Cosme Velho, a poucos metros da casa de Machado de Assis.
Terminado o seu pregão, o camelô passava a executar truques de mágica e prestidigitação, deixando seus assistentes encantados com sua habilidade. Só então começava a vender seus produtos. Uma meizinha para dor de barriga, para espinhela caída, cura tudo, inchaço e dor no fígado . . . um aqui pra mocinha . . . um pro distinto cavalheiro, já vou aí minha senhora . . . calma gente, tem pra todo o mundo !
E assim passava o tempo. Eu o contemplava deslumbrado. Tamanha eficiência eu jamais havia encontrado. Esse era um verdadeiro leitor da alma humana.
E
agora estou aqui, nas fraldas do Vale do Cônego com seu ar de Primavera e neblina
baixa, o Chapéu da Bruxa despontando ao longe como um fantasma furtivo. Estou
só. Onde está a humanidade? Onde está a
sociedade? De onde vêm a solidão, a
mágoa, a ansiedade, o medo, os fantasmas? Certamente a idade vetusta me
acompanha. Mas, por que o sofrimento? Tenho evitado a televisão até porque, como
já disse alhures o amigo Carlinhos Marx, “A Televisão é o Ópio do Povo”,
afirmação que causou polêmica. Houve até quem jurou que, naquela época, a televisão
nem havia sido inventada.