13 de Fevereiro, 2011 - pg. 6
15 de Fevereiro, 2011 - pg.7
10 Fevereiro, 2011 - pg. 7 5 Fevereiro, 2011 pg. 4
Parado em frente a uma loja de calçados, eu contemplava um cartaz que mostrava uma menina sentada em um banco de jardim, balançando as pernas, para exibir o seu par de sapatos novos.
Era um desenho bem feito, a carvão, uma técnica muito usada pelos cartunistas de rua, e que hoje não se vê mais. Uma menina, deveria ter oito anos, acompanhada da mãe, aproxima-se e diz:
-- Olha, mamãe, que desenho bonito! Quem foi que escaneou?
Pois é. Hoje as crianças não desenham mais, escaneiam. Os nossos Chico, Cláudio Paiva, Bruno Drumond, Lan, Miguel Paiva, Henfil e tantos outros – a lista é longa - são monumentos a serem preservados e lembrados para que possamos dizer aos nossos netos:
-- Olha, meninada, antigamente tudo era feito a mão, a gente tinha que treinar muito para fazer um desenho bonito. E aí bastará mostrar algumas tirinhas dos cartunistas citados. Depois mostraremos como será o futuro dos nossos potenciais desenhistas. Abriremos as páginas 6 e 7 do “O Globo”. Lá, todo o mundo desenha.
Artigos, colunas e crônicas estão sendo fartamente ilustrados com desenhos que não sei bem como classificar: psicodélicos, futuristas, naif ? Não, naif é que não são. São uma curiosa combinação de riscos e rabiscos, manchas e borrões, enxertados com figurinhas geométricas pré-fabricadas do tipo triângulos, quadrados, círculos, elipses, espirais, além de letras, algarismos, reticências e ... pontos de exclamação !
Uma figura! Pouco entendo de desenho e artes plásticas e, menos ainda, de computação. Mas é fácil concluir que esses desenhos são feitos com o "Paint", esse inteligente programinha de computador criado para ensinar as crianças a desenhar sem precisarem usar sua própria inteligência.
Vocês já viram os desenhos do Millôr Fernandes. São de uma simplicidade encantadora. São expressivos e esteticamente primorosos. São inteligentes. Não sei se alguma vez o Millôr chegou a usar o Paint em seus desenhos. Mas, se o fez, certamente sabia usá-lo.
Contemplem, amigos, contemplem. E descubram: Quem foi que escaneou?