Acoimado que fui nas mídias sociais só porque me recusei a
discutir política na forma turbulenta em que ela hoje é feita, em que todos se acham
iluminados e detentores exclusivos do segredo do Santo Graal, tive que
encontrar alguma coisa que pudesse dar um pouco de alegria a estes rabiscos.
Logo agora que entrei no último período do padrão cronológico com que meço o escoamento
do tempo que ainda me cabe nesta efêmera existência.
Mas antes de mais nada, quero agradecer ao meu incauto
leitor (ou leitores, se tiver mais de um) por ter tido a coragem de abrir esta crônica,
apesar do título estapafúrdio que carrega. Ou que, por comiseração, tenha
pensado que fui brindado com uma patranha do corretor ortográfico. Nada disso.
O título é meu, em toda a sua plenitude, e significa “perdiz que está no cio”.
Entretanto, não pretendo usá-lo com essa acepção. Vou explicar.
Todo mundo conhece aquele chinesinho simpático e inteligente
que está sempre no YouTube ensinando receitas para curar as mazelas
que nos atacam o corpo e o espírito. E o faz com muita competência. Chama-se Peter
Liu, é médico, fala perfeitamente o português brasileiro mas com um sotaque
evidentemente chinês. Nos inúmeros vídeos que publica, ele sempre se dirige ao
seu público dizendo : “Olá, pessoal, eu sou Peter Liu etc. . . .” Todavia, em um deles, eu
o ouvi dizendo “ Olá, Garela !, eu sou Peter Liu, etc . . .
“ Obviamente ele queria dizer “ Galera “ mas a sua fonética não o permite. É
sabido que o chinês troca o R pelo L, e vice-versa. Quem já foi ao mercado da
Rua 25 de Março, em São Paulo, sabe disso. E, se você perguntar à chinesinha da
loja de eletrodomésticos que está te atendendo se o produto que você escolheu é
autêntico, ela dirá: “Não senhor, mas é genélico galantido”.
Tenho muito apreço pelos Chineses, independentemente do seu
sistema político e dos vitupérios de que vêm sendo alvo ultimamente. Tive contato
com profissionais chineses do meu ramo, não
tão grande como o dos japoneses mas o suficiente para consolidar minha
admiração por eles. Um exemplo simplório disso foi quando, em Natal, eu
preparava a implantação da Fábrica de Tecidos Seridó e o Grupo Empresarial me
pediu que elaborasse um ante projeto de malharia, que seria oferecido aos
chineses. Um grupo de técnicos chineses veio a Natal para discutir o projeto.
Dois dias antes, eu havia sofrido uma luxação no tornozelo direito. Doía muito e
eu mancava, caminhando com certa dificuldade. Mesmo assim fui à reunião. No
final, quando todos se dispersavam, um dos técnicos me abordou e disse :
“ Eu notei que o senhor parece que está machucado.” Relatei
o que me havia sucedido. “ Se quiser, gostaria de examiná-lo. Após o jantar irei ao seu quarto.” O técnico,
agora médico, virou meu pé pra cá e pra e pra lá, pra cima e pra baixo, apertou
aqui e ali, deu dois suspiros e desejou Boa Noite. E eu dormi como um Anjo. No
dia seguinte não sentia mais nada.
Eu falo mais sobre os Chineses em outro lugar e em outra
época. Está na Crônica nº 85 de 12 de Maio de 2012. Faz um tempinho, hein ?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOh Gino!!! Aprendi e sorri com a sua inspiração para tratar desse assunto nessa crônica!
ResponderExcluirNão conhecia o Peter Liu e até dei uma vasculhada no canal dele :-)
Não conhecia o verbo acoimar e até dei uma procurada no significado!
Viver é aprender e entender que cada um tem o seu tempero!
GRANDE abraço!
É isso mesmo Ana Alice. Obrigado pelo seu comentário. Haveri muito mais o que contar. Em Bandung, umr refugio no alto de uma montanha da Indoneia, conhecí a verdeira alma dos chineses. Mas esta é uma longa história. Virá a seu tempo.
ResponderExcluir"Os chineses chegaram" nunca foi tão verdade.
ResponderExcluirAproveito o gancho aberto por esse relato e compartilho um material interessantíssimo produzido pela TV Futura que confere à predição de 2012 novas cores!
China: A Fábrica do Futuro fica em Shenzhen - https://www.youtube.com/watch?v=b4ui7_IrlSg
Obrigado Marina por sua colaboração. E olha que a crônica de 2012 invoca um texto de Giovanni Pappini sobre povo Chines, escrito muitos anos antes, que eu li quando ainda era moluque.
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