A Verborragia de todos nós
“
Verborragia é sangria desatada “.
Pelo menos era isso que dava a entender o
Severino Mandacaru quando era instado a cumprir alguma tarefa com rapidez. Ele
dizia: “ Danou-se, pra que essa sangria
desatada ? ”
“
Vou explicar, Severino. Mas antes, me diga uma coisa: como vai o teu confinamento
? ”
“
Entre quatro paredes, como todo mundo “.
Pois
é. A Pandemonia nos apanhou a todos, sem
acento nem endereço e já lá se vão um ano e dois meses. Desmantelou tudo. A
economia, o convívio social, o relacionamento entre amigos. e, suprema desgraça,
os laços entre pessoas de uma mesma família. Os políticos ficaram mais políticos.
Os corruptos ficaram mais corruptos. Os governantes governam menos e alguns até
se transformaram em mercadores da governança. Vejam bem : eu disse “alguns”, o
que significa que “não são todos” . Se são muitos ou poucos eu não sei.
Perguntei
ao Severino como andava o seu confinamento justamente porque cheguei à constatação
de que a privação do convívio social durante tanto tempo levou as pessoas, todas
as pessoas pandemonizadas, a uma loquacidade incontrolável, disputando a
primazia da palavra, despejando discursos vazios e repetitivos, muitas vezes defendendo
teses contraditórias, convencidas de que estão agindo por inspiração divina.
Como o encontro pessoal não é possível, utilizam-se os WhatsApp da vida e o
telefone celular. É difícil e penoso ouvir o seu interlocutor sem poder interrompê-lo
nem que seja para felicitá-lo pelas suas ideias. Mas devo fazê-lo pois preciso
passar por essa catarse para completar o que me resta nesta vida provecta alegre
e feliz que minha família está me proporcionando, ao lado da minha esposa.
Pequenos
conflitos são inevitáveis mas a discussão honesta e civilizada, ao lado do
respeito pelas ideias alheias, acaba restabelecendo a harmonia.
Por
força do meu trabalho desenvolvi a fama de mandão. Fui mandão sim, nas fabricas
em que trabalhei. Passei uma vida dando ordens em fábricas onde prevalece a
responsabilidade pelas ordens emanadas e onde o menor vacilo pode resultar em
grandes prejuízos. Mas, na família, também há situações em que você precisa
tomar atitudes severas para manter o barco flutuando, levando-o até o porto.
Resta-me
o consolo de que, durante a minha carreira, recebi inúmeras manifestações de
apoio.
Ôxente! E na família não?!
ResponderExcluirÔxente 2!
ResponderExcluirE na família não?
Queridos, vacilei na última frase. Sem dúvida o principal apoio veio da família.
ResponderExcluir"Mandar" era um estilo de liderança da gestão Planejamento, Comando e Controle... e vc estava certo. De certa forma, na época funcionou bem, talvez por falta de outra abordagem mais colaborativa.
ResponderExcluirMANDAR = recomendar , ordenar [a depender do contexto e do tom, pode ser um ato de pedir e orientar...e daí, fica mais leve.]
Hoje, as empresas precisam mudar seus repertórios abrindo espaço; e daí nos tornando mais próximos e colaborativos (parece) em termos de equipe e suas responsabilidades.
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Imagino você... chefão têxtil :-)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado Ana Alice, pelo seu comentário. Removi o comentário anterior, de minha autoria, pois quando o li não entendi nada.
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