10 maio 2021

A Verborragia de todos nós

A Verborragia de todos nós 

“ Verborragia é sangria desatada “.

 Pelo menos era isso que dava a entender o Severino Mandacaru quando era instado a cumprir alguma tarefa com rapidez. Ele dizia:  “ Danou-se, pra que essa sangria desatada ? ”

 “ Vou explicar, Severino. Mas antes, me diga uma coisa: como vai o teu confinamento ? ”

“ Entre quatro paredes, como todo mundo “.

 Pois é.  A Pandemonia nos apanhou a todos, sem acento nem endereço e já lá se vão um ano e dois meses. Desmantelou tudo. A economia, o convívio social, o relacionamento entre amigos. e, suprema desgraça, os laços entre pessoas de uma mesma família. Os políticos ficaram mais políticos. Os corruptos ficaram mais corruptos. Os governantes governam menos e alguns até se transformaram em mercadores da governança. Vejam bem : eu disse “alguns”, o que significa que “não são todos” . Se são muitos ou poucos eu não sei.

 Perguntei ao Severino como andava o seu confinamento justamente porque cheguei à constatação de que a privação do convívio social durante tanto tempo levou as pessoas, todas as pessoas pandemonizadas, a uma loquacidade incontrolável, disputando a primazia da palavra, despejando discursos vazios e repetitivos, muitas vezes defendendo teses contraditórias, convencidas de que estão agindo por inspiração divina. Como o encontro pessoal não é possível, utilizam-se os WhatsApp da vida e o telefone celular. É difícil e penoso ouvir o seu interlocutor sem poder interrompê-lo nem que seja para felicitá-lo pelas suas ideias. Mas devo fazê-lo pois preciso passar por essa catarse para completar o que me resta nesta vida provecta alegre e feliz que minha família está me proporcionando, ao lado da minha esposa.

Pequenos conflitos são inevitáveis mas a discussão honesta e civilizada, ao lado do respeito pelas ideias alheias, acaba restabelecendo a harmonia.

 Por força do meu trabalho desenvolvi a fama de mandão. Fui mandão sim, nas fabricas em que trabalhei. Passei uma vida dando ordens em fábricas onde prevalece a responsabilidade pelas ordens emanadas e onde o menor vacilo pode resultar em grandes prejuízos. Mas, na família, também há situações em que você precisa tomar atitudes severas para manter o barco flutuando, levando-o até o porto.

Resta-me o consolo de que, durante a minha carreira, recebi inúmeras manifestações de apoio.

 

 

6 comentários:

  1. Queridos, vacilei na última frase. Sem dúvida o principal apoio veio da família.

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  2. "Mandar" era um estilo de liderança da gestão Planejamento, Comando e Controle... e vc estava certo. De certa forma, na época funcionou bem, talvez por falta de outra abordagem mais colaborativa.
    MANDAR = recomendar , ordenar [a depender do contexto e do tom, pode ser um ato de pedir e orientar...e daí, fica mais leve.]

    Hoje, as empresas precisam mudar seus repertórios abrindo espaço; e daí nos tornando mais próximos e colaborativos (parece) em termos de equipe e suas responsabilidades.
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    Imagino você... chefão têxtil :-)

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Obrigado Ana Alice, pelo seu comentário. Removi o comentário anterior, de minha autoria, pois quando o li não entendi nada.

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