16 março 2023

O TRABALHO NO CHILE

 

CAPÍTULO  6

 A CEPAL  -  Comissão Econômica para a América Latina.

Uma Organização destinada a promover o desenvolvimento econômico dos países latino-americanos.

Desde 1960 eu vinha trabalhando tranquilamente no Nordeste do Brasil cuidando dos projetos das fábricas de tecidos e treinando Mestres e Contramestres.

Em Fevereiro de 1964,  correu um boato, entre os meus colegas, de que um certo Capitão Mourão estava aquartelado em Juiz de Fora, pronto para descer para o Rio e ocupar o Palácio do Governo. Todo mundo achou graça. No dia 31 de Março, do alto do prédio da SUDENE, eu vi os tanques de guerra cercarem o Palácio das Princesas. Prenderam o Governador e saíram à procura de subversivos.

Estava implantada a Ditadura. A SUDENE recebeu um novo Superintendente, um General. Celso Furtado foi convidado a ficar mas não aceitou. Saiu do país e foi dar aulas nos Estados Unidos. Nessa época, além do meu trabalho, eu fazia o curso de Economia na Universidade do Recife. Tive que abandoná-lo. Por oportuno, devo contar também a minha experiência com o regime militar. Eu tinha ido a Sergipe analisar o projeto de reaparelhamento da Fábrica da Estância. Indeferi o projeto porque, conhecendo o regime de chuvas no Nordeste, percebi que a fábrica poderia ser inundada. Com efeito, algumas semanas depois, a fábrica foi inundada.  Quando isso aconteceu meu chefe me chamou e disse:

 -- “Prepare-se para viajar. A Estância foi inundada. É preciso fazer um projeto de recuperação da fábrica”.

 Eu me recusei. E o meu chefe comandou:

--  “Então você vai falar com o General. Eu fui.

Esta história é muito longa, mas não se perdeu. Está na página 281 do livro “Memórias de um Vago”. Para quem não tem o livro (está esgotado) vale o Blog  “www.memoriasdeumvago.blogspot.com”

 Apesar dos embaraços e adversidades, o meu trabalho, bem como o da minha esposa Dorotéa, continuava produtivo e eficaz. Viajava muito pelo Nordeste escarafunchando as fábricas e me sentia feliz e orgulho0,0,so do meu trabalho, convivendo com empresários, diretores, contramestres, fiandeiros e tecelãs. E vibrava quando subiam os índices de eficiência das fábricas.

Até que um dia recebi um convite para trabalhar na CEPAL, com sede no Chile. No mesmo ramo têxtil no qual eu havia me destacado na SUDENE. Iria coordenar o diagnóstico da indústria têxtil de vários países: Argentina, Uruguai, México, Colômbia e El Salvador. E, ironia do destino, recebi a missão de vir ao Brasil para avaliar como andava o Programa de Reequipamento da Indústria Têxtil do Nordeste. 

Concomitantemente aproveitei para desenvolver alguns conceitos técnicos que ajudariam as fábricas a optarem entre tamanho e rentabilidade, tecnologia e custo de mão-de-obra, entre outras. Entre os mais importantes preparei: 

“Economias de Escala na Indústria Têxtil”

“Seleção de alternativas tecnológicas na Indústria Têxtil”

“Transferência do conhecimento técnico (know how) na Indústria Têxtil e do Vestuário.

Esses trabalhos foram editados pela CEPAL em português, espanhol e inglês. Ainda tenho cópia deles.

 

 

 

5 comentários:

  1. Aqui você não conta que no Chile havia duas crianças que passavam o dia preparando um espetáculo para apresentar para você, em cima de um pufe, enquanto você jantava!

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  2. Acho que aqui vale um capítulo 6.2 esse tema. Excelente!

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  3. Sua vida foi e é plena de experiências interessantes e lembrando neste episódio que você também contribuiu para o deselvolvimento do Nordeste.
    Além do mais as reconta com muita riqueza de detalhes o que é impressionante! Adorei!

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  4. Obrigado a todos pelo carinho. Quanto ao comentário da Tapioca tenho que explicar: Naquele tempo você era bem pequena. Devia beirar os 3 anos. E te buscava na Escola ao meio dia. Uma vez, quando chegamos em casa, a mamãe disse : Vão lavar as mãos que daqui a pouco vou botar o almoço. E você perguntou "Como ? El almuerso no esta listo ? Me voy a ir de esta casa ! " e deu dois passos em direção a rua. Eu gelei. Apavorado, lembrei-me do Elefante inflável, que tinha o dobro do teu tamanho, que te aviamos dado de presente. Então perguntei : " E o teu elefante, vai deixar aqui ? " Calada, você entrou em casa e voltou arrastando o elefante. Parou na calçada, olhou de volta para a casa, caiu na risada e disparou : "No, que no me voy a ir ! "

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