CAPÍTULO 5
SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
Programa de
Reaparelhamento da Indústria Têxtil do Nordeste.
Carregando meu pedaço de papel na mão como um náufrago carrega sua prancha de salvação, alcancei a sede da SUDENE no centro do Recife. A SUDENE tinha como Superintendente o Ministro Celso Furtado, que havia identificado na Região Nordeste um descompasso no setor econômico em confronto com o resto do País. Grande produtor de matérias primas e fornecedor de abundante mão-de-obra, o Nordeste carecia de uma indústria manufatureira e conhecimento tecnológico. Dentro desse quadro sobressaia a Indústria Têxtil, com empresas de perfil notadamente familiar suas máquinas obsoletas e técnicas administrativas precárias.
Quando cheguei, fui apresentado ao Diretor do Departamento de Industrialização, Dr. Juarez Farias, que me entrevistou. Foram três horas de interrogatório, com perguntas que dissecaram a indústria têxtil e me deixaram combalido.
-- Muito bem. Você está contratado!
Foi constituído o Grupo Têxtil. O técnico responsável e três especialistas: um engenheiro civil, um contabilista, e um advogado.
E
assim foi criado o Programa de Reaparelhamento da Indústria Têxtil do Nordeste,
que viria a ser aprovado pelo Conselho Deliberativo da SUDENE, em 9 de Junho de
1961.
Iniciamos os trabalhos identificando o tipo de assistência técnica que seria oferecido às Empresas:
1
- Treinamento de Administradores: Proprietários, Diretores, Gerentes, através de cursos intensivos,
seminários e outros veículos.
2 - Treinamento
de Contramestres. Foram produzidas apostilas ensinando como calibrar, montar e
desmontar as máquinas e aparelhos das diversas seções: Fiação, Tecelagem, etc.
3
- Aquisição de equipamentos novos, com financiamento bancário, isenção
tarifária para máquinas importadas.
4
– Incentivos fiscais como isenção de 50% do imposto de renda, além de outro que
permitia a utilização do restante para a compra de equipamentos.
Os incentivos oferecidos foram de tal magnitude que a participação do Empresário, no investimento do projeto, ficou reduzida a 15 %.
Por
fim, para poupar o custo elevado em que incorreria o Empresário com a
elaboração de um projeto produzimos um “Projeto Padrão “. Bastava preencher as
planilhas oferecidas com os dados técnicos e financeiros. A única exigência
imposta foi que o Empresário ficaria obrigado a sucatear o equipamento
obsoleto.
Iniciado o Programa, visitei todas fábricas do Nordeste para efetuar a análise dos projetos ou ajudar na elaboração do Projeto Padrão.
Meu trabalho na SUDENE durou até Setembro de 1964. Nesse mês recebi um convite para trabalhar na CEPAL – Comissão Econômica Para América Latina, uma organização das Nações Unidas. O contrato inicial era de 7 meses, para colaborar em um diagnóstico do setor têxtil Latino-americano. Percebi que era uma repercussão do meu trabalho na SUDENE.
Aceitei. E fiquei quatro anos. Mas essa é outra história.
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