21 fevereiro 2023

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

 Capítulo 2

 Formação profissional

A viagem para Recife não foi isenta de emoções. O navio viajava com uma escolta de quatro corvetas de guerra e dois dirigíveis. Desembarcados no porto, fomos conduzidos para a cidade de Paulista e ocupamos a casa onde já estava meu pai.

Mecânico que era, ele me matriculou na Escola Técnica do Recife, que pertencia  um grupo de escolas criado pelo presidente Nilo Peçanha para aqueles que desejavam obter uma profissão. Ofereciam várias especialidades: Mecânica de Máquinas e Construção Civil, entre outras.

Escolhi Mecânica de Máquinas. É uma especialidade que fabrica máquinas para construir outras máquinas. Aí estão o torno mecânico, a fresa, a plaina limadora e outras.

O regime de estudo era severo: aulas teóricas pela manhã, aulas práticas, à tarde, nas oficinas e estudo guiado à noite. Quatro anos de estudos. Minha prova final foi fabricar um torno mecânico.

Terminei o curso em 1948, aos 18 anos de idade. Ganhei o Prêmio Nilo Peçanha. Era destinado ao melhor aluno em todo o curso.

Eu estava de férias quando o seu diretor, Manoel Viana de Vasconcellos, lembro-me bem do nome, mandou-me chamar e comunicou-me:

 “Recebi a notícia de que o Senai está criando, no Rio de Janeiro, a primeira escola para a formação de técnicos têxteis. Indiquei o seu nome. Tem que fazer um exame de seleção”. Agradeci, comovido e fui correndo fazer minha inscrição.

 A ETIQT - Escola Técnica de Indústria Química e Textil

Era o que o país precisava. Finalmente poderíamos substituir os técnicos ingleses, alemães e italianos que conduziam nossas fábricas.

Apresentei-me no local da prova, Colégio Anchieta, na Boa Vista, creio eu, Recife. Um terraço enorme, cheio de candidatos. Havia de tudo : engenheiros, advogados, curiosos, o diabo a quatro. Pernambuco havia sido contemplado com 4 vagas. Tremendo de medo, fiz a prova. Fui aprovado.

Dias depois embarquei num DC3 da Aerovias Brasil e desci no Aeroporto do Galeão. Oito horas de viagem. Escalas em Maceió, Sergipe, Salvador, Canavieiras, Cabrália e o que mais tivesse pelo caminho.

Fui hospedado numa pensão na Rua Bela, em São Cristovão. Daí, todas as manhãs, eu ia para a Escola numa camionete com carroceria de madeira. A Escola me fascinou. Começaram as aulas quando existia somente o esqueleto em concreto. Eu chegava bem cedo, me sentava no canteiro de obras e lia o Jornal dos Sports que encontrava ali      mesmo. Numa casinha próxima, Seu Alfredo, um Maitre embalsamado em um fraque com gravata borboleta, servia o almoço.

Quando o prédio ficou pronto, foi disponibilizado, para os alunos dos outros Estados, um alojamento com todos os requisitos necessários.

Estudei com entusiasmo e voracidade, tanto as aulas teóricas, como as práticas, montando e desmontando máquinas. Formei-me em 1951. Para minha surpresa recebi um convite da Diretoria da Escola para assumir o lugar de assistente de professor de fiação.

 

 

 

 

 

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