NOTA : No dia 13 de Janeiro de 2012, portanto há exatamente dez anos, escrevi a crônica que abaixo transcrevo. E fi-lo, não porque me faltasse assunto pois assuntos jorram em catadupa sob a verborreia a que estamos expostos nestes tempos de Pandemonia sem acento nem endereço. Fi-lo, repito, pela atualidade que o tema apresenta nos dias de hoje. Esta crônica não chegou a ser publicada. Ficou mofumbada nos entulhos que circundavam os meus oitenta anos.
Acabo de
receber um livro que comprei num sebo da Rua São José, centro do Rio. Foi
editado em 1930. Comprei-o porque eu o havia lido aos 13 anos de idade e nunca
mais o vi. O papel é áspero e está amarelado pelo tempo, cheio de manchas
escuras causadas, provavelmente, pela acidez do papel e a umidade dos tempos. Era
“Os Sertões” de Euclides Da Cunha. O volume original, agora perdido, me fora
entregue por meu pai com a seguinte frase: “Se você quiser conhecer o Brasil
leia este livro”.
Tenho também, devo
confessar, uma edição da Divina Comedia, De Dante Alighieri, publicada de 1811.
O papel é surpreendente alvo e mostra as ondulações dos cilindros de antimônio que
prensavam a pasta de celulose, tecnologia que se usava na época.
A cada dia, livros
e mais livros são publicados em telas de computador. Há quem diga que os
livros de papel estão com os dias contados. Outros garantem que não. Não vou
meter-me a discutir as vantagens ou defeitos de um e de outro, pois me falta
preparo para tanto. Umberto Eco, o grande filólogo, fez isso de maneira
magistral em duas obras: “A memória vegetal” e “Não contem com o fim do livro”.
No primeiro, ele explica como a humanidade registrou suas memórias desde o
tempo do papiro e analisa a efemeridade do papel como meio para preservar
a informação. No segundo, escrito em parceria com Jean-Claude Carrière,
escritor e roteirista de cinema, ele discute os méritos do livro de papel
em confronto com os meios eletrônicos para a divulgação de textos. O
resultado desse debate está contido no próprio título do livro.
As cômodas e higiênicas bolsas de papel nas quais se colocavam as compras do supermercado foram substituídas por sacolas de plástico. O dinheiro, que se chamava papel moeda, não é mais de papel. Foi substituído por um cartão de plástico ou por números armazenados num servidor eletrônico. Nada contra. Mas essas sacolas de plástico, por mais que queiram transformá-las em degradáveis, continuam entupindo rios e cloacas. Não quero me alongar na busca de exemplos para a substituição do papel, pois sei que isso não passa de saudosismo. O que faríamos hoje sem o plástico ?
Sobre o vaso sanitário japonês, ele já foi atualizado, agora, ao final sopra um arzinho gostozinho que enchuga. Quanto ao resto, confesso que o papel deixa saudades. Como diz a minha prima Flávia: "o cheirinho do livro de papel é maravilhoso...". Concordo! E para piorar a situação, se a energia deixar de existir, provavelmente boa parte do conhecimento humano, que não estiver no papel, também deixará. Precisamos repensar sobre o uso adequado do papel. Amei essa crônica. Gratidã☀️!
ResponderExcluirObrigado Carlos,pela atualização tecnológica. O jatinho de ar ja é uma evolição importante pois economisa papel. As demais considerações complementam a Crônica
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