Tenho pensado muito a respeito deste assunto. Estou
convencido de que o mundo mudou e era melhor. Vagando pelos lugares afora fui
parar no meu amado Recife dos bons tempos. Vejam o que aconteceu: Recife me
recebeu como quem oferece sombra num dia sem árvore. Cheguei com a alma
ressecada de concreto, arrastando uma mala que fazia mais barulho que sentido.
Severino Mandacaru, amigo invisível e fiel, apareceu
logo na saída do Aeroporto, parado ao
lado de um vendedor de passaporte falso, coçando um queixo inexistente e
sussurrando:
Chegamos, cabra! Recife é uma cidade que transpira o aroma
das frutas maduras. Andamos pelas ruas de pedra do Recife Antigo como dois
personagens fora do tempo. Eu suando e tentando encontrar poesia nos buracos da
calçada, firme como uma metáfora espinhosa, admirando casarões onde se
encontram os parentes e amigos.
No Marco Zero, Severino Mandacaru parou e olhou para o mar e
disse: “Aqui é onde tudo começa e acaba, dependendo de quem conta”. Depois
caminhei até uma feira onde comprei uma
tapioca com queijo de coalho. Nada disso tem gosto de Sertão. O Carnaval fervia
alegre e majestoso. E fui balançar as
pernas na ponte Buarque de Macedo.
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